Embora os bombeiros em Portugal não sejam considerados uma força de segurança de natureza policial ou militar, desempenham um papel crucial na segurança e emergência pública.

Organizados em corporações de bombeiros voluntários, municipais ou profissionais, estão sob a coordenação da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) e a tutela do Ministério da Administração Interna, o mesmo ministério responsável pelas forças de segurança, exceto a Polícia Judiciária, que é tutelada pelo Ministério da Justiça.

O foco dos bombeiros não é a manutenção da ordem pública ou a aplicação da lei, mas o seu trabalho é vital para a segurança e bem-estar da população, especialmente em situações de emergência.

Durante todo o ano, estes profissionais enfrentam uma variedade de ocorrências, lidando com uma série de riscos diários.

Em períodos críticos, como a época de incêndios florestais, a dependência de Portugal dos bombeiros torna-se ainda mais evidente.

Entre os riscos enfrentados pelos bombeiros destacam-se:

  • Incêndios Urbanos: Aqui, os bombeiros são expostos a altas temperaturas, fumos tóxicos, colapso de estruturas e possíveis explosões. Estes cenários são comuns em incêndios em edifícios, onde os bombeiros têm de lidar com materiais inflamáveis e situações de evacuação;
  • Incêndios Florestais: Este tipo de incêndios apresenta desafios como mudanças rápidas na direção do vento, calor extremo, fumo denso e terreno difícil. Os bombeiros que combatem incêndios florestais muitas vezes trabalham em locais de difícil acesso, onde a logística e a comunicação podem ser complicadas;
  • Acidentes de Trânsito: Os bombeiros são frequentemente chamados para socorrer vítimas de acidentes de trânsito, onde enfrentam o risco de serem atropelados enquanto prestam socorro. Além disso, têm de lidar com o manuseio de veículos instáveis e a potencial exposição a produtos químicos perigosos, especialmente em acidentes envolvendo cargas perigosas;
  • Resgates em Altura: Estes resgates envolvem trabalhar em alturas, o que pode levar a quedas ou lesões graves, especialmente se o equipamento de segurança falhar. É uma tarefa que exige uma preparação específica e a presença de equipamentos especializados;
  • Resgates Aquáticos: Envolvem o risco de afogamento, correntes fortes e condições meteorológicas adversas. Os bombeiros precisam de ser proficientes em natação e resgate aquático, além de estar preparados para lidar com situações de pânico das vítimas;
  • Resgates em Espaços Confinados: Estes ambientes apresentam riscos de asfixia, quedas e exposição a ambientes tóxicos ou explosivos. São operações complexas que requerem um alto nível de treinamento e conhecimento técnico;
  • Substâncias Perigosas: O contacto com produtos químicos tóxicos ou biológicos implica riscos de explosões, incêndios e a necessidade de procedimentos de descontaminação. Os bombeiros têm de estar preparados para lidar com materiais perigosos de forma segura e eficiente;
  • Situações de Desastre: Incluem resgate em deslizamentos de terra, terramotos ou desmoronamentos, onde há riscos de novas ocorrências e condições instáveis. A atuação dos bombeiros em cenários de desastre é crucial para salvar vidas e minimizar danos;
  • Emergência Médica: Os bombeiros também desempenham um papel essencial na resposta a emergências médicas. Neste contexto, estão expostos a vários riscos, como doenças infecciosas e contágio. Durante operações de resgate ou prestação de primeiros socorros, os bombeiros podem entrar em contacto com sangue ou outros fluidos corporais, aumentando o risco de transmissão de doenças como hepatite, HIV e outras infeções. Além disso, enfrentam o desafio de lidar com situações de stress elevado e pacientes em estado crítico, o que pode impactar negativamente a sua saúde mental.

Além dos riscos físicos, os bombeiros enfrentam desafios psicológicos significativos, como o stress e o trauma associados ao resgate de vítimas, sendo que atualmente não tem o acompanhamento adequado apesar dos riscos envolvidos, apenas formação e o uso de equipamentos de proteção são essenciais para minimizar esses riscos, mas nem sempre são suficientes para prevenir o impacto emocional.

Estes desafios psicológicos causam exaustão, cinismo e sentimentos negativistas relacionados com o desenvolvimento do seu trabalho, resultando numa eficácia profissional reduzida e comprometendo a segurança e saúde dos bombeiros. Sendo que a causa está ligada a fatores organizacionais, condições de trabalho e crenças pessoais.

Perante estes desafios físicos e psicológicos, surgem várias questões urgentes: Por que razão os bombeiros que integram as Equipas de Intervenção Permanente (EIP) não têm direito a um vencimento e a um subsídio de risco equivalente ao das forças de segurança?

Por que razão os bombeiros voluntários que integram as Equipas de Combate a Incêndios (ECIN) recebem apenas 2,80 euros por hora, um valor muito inferior ao de muitos trabalhos que não envolvem os mesmos riscos e desgaste físico e emocional?

Onde está o apoio emocional que os bombeiros precisam? Se os bombeiros decidissem parar, o que aconteceria? Que incentivos são oferecidos aos bombeiros, especialmente aos voluntários?

Por que existe este desrespeito e falta de reconhecimento por parte das estruturas políticas? Quando é que os políticos portugueses irão olhar para os bombeiros com olhos de ver? Estas questões são fundamentais para discutir o futuro dos bombeiros em Portugal.

É inaceitável que uma classe que responde a mais de 90% das ocorrências em todo o país seja considerada o "parente pobre" da Proteção Civil. É hora de exigir mudanças.

Basta de mão de obra barata, mas competente e profissional. Os bombeiros merecem ser valorizados e receber o reconhecimento e compensação adequados pelo trabalho árduo e perigoso que realizam diariamente em prol da segurança pública.

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