Presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Viana do Castelo reclama por mais meios para o combate a incêndios
Germano Amorim, presidente da federação dos bombeiros, aponta o dedo às autoridades exigindo seriedade no combate aos incêndios. “As alterações climáticas e a força dos números dos últimos anos exigem uma mudança urgente de paradigma face à política nacional no combate aos incêndios. Não podemos admitir que haja um dispositivo especial de combate a incêndios …
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Germano Amorim, presidente da federação dos bombeiros, aponta o dedo às autoridades exigindo seriedade no combate aos incêndios. "As alterações climáticas e a força dos números dos últimos anos exigem uma mudança urgente de paradigma face à política nacional no combate aos incêndios. Não podemos admitir que haja um dispositivo especial de combate a incêndios rurais para um determinado período do ano, continuando a ignorar a realidade dos incêndios fora desse referido período. Há cada vez mais incêndios durante todo o ano, no decorrer desta última semana de janeiro tivemos cerca de 100 incêndios no distrito de Viana do Castelo, e essa despesa não pode continuar a ser suportada pelas associações humanitárias compostos ainda maioritariamente por bombeiros em regime de voluntariado.
As associações não têm capacidade financeira para esta despesa permanente e constante. É simplesmente insustentável e insuportável considerarmos que o combate pode ser realizado sem apoios diretos aos bombeiros ao longo de todo o ano de forma ininterrupta. A proteção e segurança dos cidadãos não se pode compadecer com uma visão meramente economicista dos acontecimentos. Além do mais, não podemos continuar a aceitar como normal todas as queimas e queimadas que se fazem ao longo de meses essencialmente em períodos tão longos de seca como o que atravessamos. Os prejuízos são avultadíssimos até do ponto de vista ambiental. É necessário apostar em métodos alternativos de limpeza florestal e agrícola com métodos combinados de compostagem e projetos ativos de sumidouros de carbono. As queimas poluem e a qualidade do ar fica irremediavelmente comprometida, o que causa sérios danos para a saúde pública.
Um corte epistemológico com a atual realidade, é necessário e indispensável.", refere Germano Amorim.
Ainda ao lado desta polémica, Germano Amorim refere que os estados, pela sua administração indireta, estão atrasados nos seus pagamentos aos bombeiros voluntários largos meses. "Para terem uma noção, a ULSAM pagou em Janeiro passado a fatura referente ao mês de Agosto à maioria das associações de bombeiros. O mesmo se refira ao hospital de São João que acumula meses de dívidas e nem sequer garante estacionamento devido para o transporte de doentes não urgentes, forçando os trabalhadores a circular por vezes horas de espera sem garantir a hora de retorno correta para os pacientes. Não é admissível que o
Estado continue a fazer dos bombeiros autênticos burros de carga no que refere à garantia da proteção civil nacional. Nós suportamos mais de 85% dos serviços de INEM, apagamos incêndios de graça, garantimos transporte de doentes não urgentes a preços verdadeiramente miseráveis que não acompanham sequer a taxa de inflação nacional anual e o brutal aumento de combustíveis a que estamos sujeitos sem que haja qualquer tipo de discriminação positiva a favor de quem é o garante do sossego do estado sem que nada se peça em troca a não ser respeito e dignidade. É a única parceria público-privada que resulta a favor do estado e com claro prejuízo para o privado.
Basta vermos o recente protocolo celebrado com o INEM pelo anterior Conselho executivo da LBP, novamente com claro prejuízo para os bombeiros que a continuarem assim, estão a caminho da rutura. O socorro e emergência médica estão comprometidos a curto e médio prazo. " assegura.